A baixa adesão à vacinação contra a dengue em Santa Catarina evidencia um cenário preocupante para a saúde pública, sobretudo diante do aumento expressivo de casos com a chegada das temperaturas mais altas e das chuvas frequentes, condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti.
Até o momento, apenas 16,7% do público-alvo – crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos – completaram o esquema vacinal com as duas doses, bem abaixo da meta de 90% estabelecida pelo Ministério da Saúde.
Dos 221 mil jovens que compõem o público-alvo nas cinco regiões prioritárias (Nordeste, Vale do Itapocu, Grande Florianópolis, Médio Vale do Itajaí e Oeste Catarinense), apenas 37 mil tomaram as duas doses da vacina.
Apesar de 39% terem recebido a primeira dose, a continuidade no esquema vacinal demonstra ser um desafio, o que compromete a eficácia da estratégia de imunização. Esse cenário se agrava em um ano em que Santa Catarina registrou 348.737 casos prováveis de dengue até o início de dezembro.
A vacinação é uma das principais ferramentas para o enfrentamento da dengue, mas depende de um esforço conjunto entre as autoridades de saúde e a população.
A baixa cobertura vacinal reflete, em parte, possíveis lacunas em campanhas de conscientização e acesso ao imunizante, além de barreiras culturais ou desinformação sobre a importância da vacina.
Paralelamente à vacinação, as ações de controle do mosquito vetor continuam sendo cruciais. Evitar o acúmulo de água parada, manter os ambientes limpos e remover potenciais criadouros do Aedes aegypti são medidas fundamentais que precisam ser incorporadas à rotina das comunidades.
A chegada do verão intensifica a urgência de uma mobilização ampla. O Estado deve reforçar suas estratégias de comunicação para alcançar um público mais amplo e garantir que as segundas doses sejam aplicadas. A sociedade, por sua vez, precisa compreender que a saúde coletiva depende da colaboração de todos, seja aderindo à vacinação, seja adotando práticas de prevenção.