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VP da Microsoft Explica por Que Líderes Não Devem se Perder na Bolha da IA


Jay Parikh, VP da Microsoft, em imagem tratada com IA

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Durante o GitHub Universe 2025, em San Francisco, Jay Parikh, VP da Microsoft, destacou, em entrevista exclusiva para a Forbes Brasil, o impacto da inteligência artificial sobre o futuro do desenvolvimento de software e na maneira de liderar os negócios. No evento, que reúne líderes de tecnologia, desenvolvedores e especialistas em código, Parikh compartilhou sua visão sobre o papel do GitHub no ecossistema da Microsoft e os próximos passos da empresa na criação de ferramentas que aceleram a produtividade dos desenvolvedores. O evento também contou com a abertura de Satya Nadella, CEO da Microsoft.

A trajetória de Parikh é marcada por experiências em algumas das maiores empresas de tecnologia do mundo. Antes de ingressar na Microsoft, atuou por mais de uma década no Facebook (atual Meta), onde liderou a engenharia global e contribuiu para a infraestrutura de produtos.

Na Microsoft, sua relevância cresceu ainda mais como membro da Senior Leadership Team, que reporta diretamente ao CEO Satya Nadella. Parikh lidera a divisão CoreAI Platform & Tools, responsável pelo ecossistema em torno de inteligência artificial da empresa. “Não basta pedir para a equipe usar IA, copilotos ou o ChatGPT — é preciso usar pessoalmente, todos os dias. Isso desenvolve intuição, credibilidade e visão sobre como a tecnologia muda seu próprio trabalho como líder. Quando você experimenta, entende melhor como tomar decisões, comunicar-se, compartilhar contexto e obter feedback.”

Forbes Brasil – Recentemente, em uma conversa com Bill Gates, você cunhou uma frase interessante sobre a Microsoft: “era uma fábrica de software, agora é uma fábrica de agentes”. Pode explicar o que isso significa na prática?
Jay  Parikh-  Nós anunciamos o time CoreAI em janeiro deste ano. Eu tive uma conversa com o Bill Gates em fevereiro, explicando o foco e o conceito do time, e cheguei à ideia da “fábrica de agentes”. Eu não sabia que, quando o Bill e o Paul fundaram a Microsoft em 1975, a visão original era criar uma fábrica de software, uma fábrica de engenheiros brilhantes que entendiam os problemas dos clientes e construíam o software dentro de uma mesma empresa. Essa é a mesma ideia agora, mas aplicada à era da IA. Quando pensei nisso, imaginei como criar uma fábrica de engenheiros dentro do CoreAI com ferramentas, plataforma, segurança e dados integrados para desenvolver agentes que nos ajudem a criar, produzir e gerar mais valor para os clientes. Depois percebemos: se nós precisamos dessa fábrica, nossos clientes também precisam.

FB – Então é uma ideia de ecossistema integrado?
Jay –
Em parte, sim. São duas dimensões da mesma moeda. Uma é tecnológica ,com grandes modelos de linguagem, integração de dados, IA responsável e protocolos de agentes. A outra é cultural, ou seja, um novo jeito de trabalhar. Essas duas partes juntas formam o conceito da fábrica de engenheiros, cujo resultado é produzir agentes de IA que automatizam processos, aceleram a inovação e ajudam as organizações a responder mais rápido aos clientes e ao mercado.

FB – E qual é o grande desafio em termos de comportamento, carreira e reinvenção do trabalho?
Jay – O desafio é mudar a forma como estamos acostumados a trabalhar. Para realmente aproveitar o potencial da IA, precisamos de um jeito diferente de operar. Eu costumo dizer: “mais demos, menos memos”. Ou seja, mais protótipos e menos apresentações longas. Queremos experimentar, iterar, reagir mais rápido. Com ferramentas como o GitHub Spark, qualquer pessoa — mesmo sem ser engenheira — pode criar protótipos, resolver problemas e propor soluções. Isso muda a dinâmica interna e acelera o ciclo de aprendizado e resposta. A tecnologia está pronta, mas para gerar resultados reais, a forma de trabalho também precisa evoluir.

FB – Satya Nadella falou hoje que não é só sobre código, mas sobre estratégia. Isso faz sentido para você quando se trata de criar algo para o cliente?
Jay – Totalmente. Para nós, é essencial estar próximos do cliente final — entender suas oportunidades e dores de negócio em profundidade. Às vezes o cliente não sabe exatamente qual é a solução, mas entende o problema. Então mostramos versões, iteramos, ajustamos — e o ciclo de aprendizado fica muito mais rápido. O que antes levava meses pode levar semanas ou dias.

FB – Falando da liderança, por exemplo, CIOs e CMOs — o que você diz para esses executivos que precisam entender tecnologia, mas não sabem por onde começar?
Jay – A primeira coisa é: usem as ferramentas. Não basta pedir para a equipe usar IA, copilotos ou o ChatGPT — é preciso usar pessoalmente, todos os dias. Isso desenvolve intuição, credibilidade e visão sobre como a tecnologia muda seu próprio trabalho como líder. Quando você experimenta, entende melhor como tomar decisões, comunicar-se, compartilhar contexto e obter feedback. É um aprendizado que não dá para delegar. A liderança precisa viver a transformação cultural para poder guiá-la.

FB – Em perspectiva global, quais indústrias estão mais avançadas no uso estratégico da IA, além do hype?
Jay – Eu não diria que há uma indústria única que se destaca. O que vejo é que há empresas — grandes e pequenas — que estão em estágios diferentes. Algumas ainda estão começando, com protótipos internos; outras já usam IA e agentes em escala, como parte central do negócio. Mas é verdade que o setor financeiro está à frente em muitas frentes — tecnologia, cibersegurança, dados, governança e compliance. Eles pressionam por padrões altos, o que nos ajuda a tornar nossos produtos mais seguros e confiáveis.

FB – E para os líderes — há muita conversa sobre uma “bolha” da IA. Eles precisam se preocupar com isso ou focar em outra coisa?
Jay – Eu diria que o foco deve ser nos resultados. Não importa se há uma “bolha” ou não — o essencial é entregar valor real para os clientes. Se você usa IA do início ao fim — da ideia ao produto, passando por marketing e suporte — e consegue fazer isso melhor, mais rápido e de forma mais eficiente, está no caminho certo. O problema surge quando as empresas se perdem no hype e esquecem o objetivo: gerar valor para o cliente. Se você mantém isso claro, a tecnologia é apenas um meio.

FB – E, pessoalmente, qual é o seu maior desafio hoje como líder?
Jay – O maior desafio é construir e desenvolver o melhor time — e hoje isso significa muitos times diferentes: de ferramentas, de segurança, de plataformas, de protocolos. Criar uma cultura que una tudo isso é difícil, mas é um desafio estimulante. Vivemos um momento caótico e empolgante — o ritmo de aprendizado é altíssimo. No GitHub, a velocidade de entrega aumentou muito, e isso mostra que estamos aprendendo mais rápido, respondendo ao feedback e inovando junto com a comunidade. É desafiador, mas também é o que torna esse trabalho tão interessante.

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