O prefeito de Mogi das Cruzes, Caio Cunha (Podemos) e mais um grupo de vereadores lamentaram a falta de empenho de algumas autoridades de não se dedicarem um pouco mais com relação à instalação de pedágios (sistema free flow), nas rodovias que cortam a região do Alto Tietê, como a Mogi-Dutra e Mogi-Bertioga.
O chefe do Executivo lembrou a previsão de arrecadação com os pedágios da Mogi-Dutra e Mogi-Bertioga nos 360 meses da concessão que deverá passar da marca de R$ 1,791 bilhão. Com este montante, seria possível a construção de 119 escolas municipais, 238 obras de mobilidade urbana das dimensões da construção do complexo viário na região da Praça Kazuo Kimura, a construção de 1.791 quadras poliesportivas e o custeio do pronto-socorro em todo o período da concessão.
Caio Cunha lembrou ainda que o município mogiano será pouco beneficiado. ”As cidades do litoral vão ser as grandes beneficiadas, enquanto Mogi vai servir apenas para pagar a conta, absurdo”, repudiou.
Nos bastidores, a reportagem do Jornal Impresso Brasil (JIB) conversou com vários vereadores e demais autoridades sobre essa questão. Muitos foram enfáticos ao declarar a falta de empenho dos deputados estaduais Marcos Damasio e André do Prado, ambos do Partido Liberal (PL).
”Tenho certeza se o prefeito da nossa cidade fosse do PL, certamente o Damasio e o André do Prado teriam impedido a instalação das praças de pedágios nas rodovias que cortam a região”, se posicionou um vereador que em conversa em off com a equipe do JIB disse estar decepcionado com o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), deputado estadual André do Prado.
Outro vereador também esteve na roda de conversas, frisou que não esperava isso dos deputados estaduais, principalmente do André do Prado que aparentemente teria forças para barrar a instalação dos caça-níqueis nas vias da região, mas não quis e isso vai pesar daqui há dois anos, nas eleições para deputado, aposta o parlamentar que se diz preocupado com a representatividade que hoje a região possui. “Uma vergonha! Difícil de acreditar que isso pode estar ligado com questões partidárias”, apontou um dos edis.
Lembrando que André do Prado tem sido o braço direito do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), dentro da Assembleia Legislativa. Aprova tudo e luta como um leão em favor do governador que desde que foi eleito chefe de Estado, nunca mais pisou em solo mogiano. Já são quase dois anos demonstrando total desprezo pelo povo que o ajudou a se eleger com 56,21% dos votos válidos.
No final do ano passado, (dezembro), o Instituto Ara Pesquisa, realizou levantamento em Mogi das Cruzes a respeito da instalação dos pedágios sistema free flow nas rodovias que cortam a cidade: 86% disseram ser contra o novo sistema, 8% aprovaram a ideia do governador por acreditar no progresso e 6% disseram não saber responder, por desconhecer o assunto.
Também foi questionado sobre o posicionamento dos deputados estaduais a respeito do tema, com a seguinte pergunta: o senhor (a) acha que os deputados estaduais estão lutando de verdade contra a instalação dos pedágios nas rodovias que cortam a região? 82% disseram que não, eles não estão se importando, 11% acredita que sim e 7% não souberam responder.
Outro lado:
O deputado estadual e presidente da Alesp, André do Prado foi procurado pela reportagem, no entanto, discordou do posicionamento das autoridades de Mogi das Cruzes. “Sempre me posicionei contrário à instalação de pedágios nas rodovias da nossa região, e minha posição a respeito não mudou. Participei ativamente da audiência pública realizada pela Artesp, onde me coloquei firmemente contra essa medida. Além disso, estive em reunião com o secretário de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, e com os líderes do movimento ‘Pedágio Não’ para discutir o assunto e tentar reverter essa decisão. Acredito que a situação não seria diferente se o prefeito de Mogi das Cruzes fosse do Partido Liberal (PL), pois a instalação de pedágios na rodovia Mogi-Dutra afeta toda a região, não apenas um município. Meu compromisso sempre foi com a população, independentemente de filiação partidária. Trabalhei intensamente para evitar a implantação dos pedágios, mas agora, com o leilão realizado, o foco deve ser em buscar o maior volume possível de investimentos dentro desta concessão para beneficiar o município e a região. Continuarei lutando para garantir que a população de Mogi das Cruzes e das cidades afetadas recebam melhorias substanciais na infraestrutura rodoviária e em outros projetos e iniciativas”.
Para alguns dos vereadores mogianos, o deputado em nenhum momento demonstrou na Tribuna da Alesp, rigor em suas palavras contra o pedágio alertando o governador sobre o mal que trará para Mogi.
“Como faria qualquer defensor em se tratando de propostas esdrúxulas como essa que estão colocando goela abaixo, certamente iria lutar com unhas e dentes”, lembrou um dos parlamentares que reafirmou que isso não ocorreu.
Já o deputado Marcos Damasio pediu que a reportagem visse um vídeo de quase duas horas, onde ele fala em um podcast a respeito do que já cobrou do governador sobre o tema. Em alguns momentos, Damasio é questionado pelo entrevistador sobre as promessas que ele fez durante as eleições de 2022 e que não foram cumpridas. Por exemplo, não instalar pedágio nas rodovias que cortam a região.
“Desde quando cheguei na Alesp, em 2015, ouço esse assunto, no entanto, a briga foi grande, até chegar no então governador Rodrigo Garcia que enterrou de vez qualquer movimento sobre pedágio”, disse.
Damasio falou com o governador que na questão de pedágios, não era para contar com ele. “Isso é de responsabilidade minha”, frisou Tarcísio.
Enfim! Damasio comentou que fez inúmeras reuniões com o governo, principalmente com a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), mas nada conseguiu com relação às mudanças de implantar o pedágio na região.
Representatividade:
Diante do fraco desempenho sobre a implantação dos pedágios que tiveram os deputados estaduais da região, André do Prado e Marcos Damasio que aprovam tudo do governo, mas que não conseguem reverter situações como essas negativas para o Alto Tietê, traz uma sensação terrível de abandono e falta de representatividade.
Pior de tudo, não se trata apenas dos pedágios goela abaixo em nossas rodovias, temos ainda as promessas de abertura do Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo, ignorado, além da duplicação do trecho da Mogi-Dutra, nas proximidades de Arujá e da extensão do trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitano (CPTM), até o Distrito de César de Souza que foi também promessa de campanha de Tarcísio de Freitas.
Na última semana, foi divulgado pelo jornal Estado de S. Paulo, o Projeto “São Paulo nos Trilhos”, que são obras de malhas viárias subúrbios com interligação de cidades entre São Paulo-Campinas e Sorocaba, Vale do Paraíba. No projeto, não há qualquer menção sobre a região do Alto Tietê ou extensão até César de Souza ou de reformas nas estações dos Estudantes, Centro, Braz Cubas e Jundiapeba, como foi prometido pelo então candidato Tarcísio de Freitas nas eleições de 2022.
Pelo que a reportagem pôde pesquisar, não se trata apenas de impedir a instalação dos pedágios, vai muito além disso: os dois deputados estão demonstrando total falta de compromisso com o Alto Tietê e principalmente com o município de Mogi das Cruzes. “As mãos atadas do André do Prado e do Marcos Damasio se estendem ao presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, conhecido em Mogi, como Boy que também sequer levantou bandeira contra essa opressão que vem ocorrendo contra os mogianos e toda a região”, repudiou veemente um dos vereadores em conversa com a reportagem.