O mosquito da dengue parece inofensivo, mas é um gigante e vilão quando pica a carne humana causando danos, muitas das vezes irreversíveis. No Alto Tietê, região que fica na Grande São Paulo, os números começam a assustar pela quantidade de centenas de mortos e milhares de infectados. O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), continua sem ter ação mais ofensiva contra o mosquito que parece a cada dia só proliferar entre os municípios paulistas, demonstrando negligência no trato com a vida humana.
Prevenção:
A dengue é doença causada por um vírus que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Os sintomas mais comuns são: febre alta, dor atrás dos olhos, dor no corpo, manchas avermelhadas na pele, coceira, náuseas e dores musculares e articulares. Uma das principais formas de prevenção da doença é o combate ao mosquito transmissor. Isso pode ser feito eliminando água parada ou objetos que acumulem água como pratos de plantas ou pneus usados.
Importante:
As dicas de prevenção são divulgadas na medida do possível pela imprensa, mas aquilo que deveria ser obrigação dos governos federal, estadual e municipal acabam caindo no colo de outras instituições. Não se vê, por exemplo, com mais ênfase, peças publicitárias em jornais no intuito de prevenir e combater o mosquito assassino.
Números:
Entre janeiro e dezembro do ano passado, o Estado de São Paulo registrou 2.178.673 casos de dengue, maior número já contabilizado desde 2000, quando começou a série histórica. Neste período, também foram confirmadas 2.154 mortes provocadas pela doença em todo o Estado. Já em 2023, informou a Secretaria Estadual da Saúde, foram registrados 326.872 casos, com 295 óbitos.
Nacional:
Os números da doença não bateram recordes somente no Estado de São Paulo. Em todo o Brasil também houve recorde, com o registro de quase 6,49 milhões de casos prováveis da doença, com 5.972 mortes. Um dos fatores que podem explicar o aumento dos casos de dengue em todo o país é a crise climática, que vem elevando as temperaturas. Em visita ao Brasil em fevereiro deste ano, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que o surto de dengue registrado no país se insere em um contexto de grande aumento de casos da doença em escala global e que a elevação das temperaturas globais vem contribuindo para o crescimento do número de casos de dengue no Brasil e no mundo.
Em comunicado, o Ministério da Saúde alertou que os casos de dengue costumam aumentar consideravelmente durante o verão, devido à alta incidência de chuvas em grande parte do país, já que o acúmulo de água faz com que a proliferação do mosquito se intensifique. “Esses dois fatores, juntos, contribuem para acelerar a proliferação do vetor da dengue, encurtando, inclusive, aquele período entre ovos e mosquito adulto”, explicou o secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Rivaldo Cunha.
Alto Tietê:
No ano de 2024, as cidades que mais foram vítimas do mosquito são: Guarulhos em primeiro lugar com 80.905 casos e 138 mortes, depois vem Mogi das Cruzes com 19.410 e 23 mortes confirmadas, em seguida, aparece Suzano com 9.212 casos e 11 mortos, seguido por Ferraz de Vasconcelos com 8.807 casos e três mortos, depois vem Itaquá com 6.359 casos e 10 mortos, seguido por Poá com 6.076 e quatro mortos, em seguida vem Santa Isabel com 4.600 infectados e duas mortes, depois aparecem os municípios de Bertioga com 2.208 casos e quatro mortes, Arujá com 2092 casos e nenhuma morte, Biritiba Mirim com 2.005 casos e três mortes, Guararema com 1.114 casos e duas mortes e Salesópolis com 363 casos e nenhuma morte.
Investimentos:
No ano passado, foram poucos os municípios que investiram na prevenção contra o mosquito da dengue, na época, este jornal havia alertado cidades como Suzano, Mogi e Bertioga sobre a proliferação do mosquito conforme dados do Ministério da Saúde.
Suzano, por exemplo, passou a publicar peças publicitárias nos veículos de comunicação, o que ajudou a diminuir os casos, o mesmo aconteceu com Bertioga e Mogi das Cruzes que apesar de ser alto esse número entre os mogianos, poderia ser pior se não houvesse investimentos com publicidade para alertar a população sobre os cuidados que devem ser tomados, além da ação de agentes da saúde que visitaram bairros recomendando prevenção.
Outros municípios como Arujá, Salesópolis, Santa Isabel, Guararema, Itaquá e Biritiba Mirim também colocaram agentes e reforçaram o setor de mídia para impedir a proliferação do mosquito. Já em algumas cidades, não houve ações mais contundentes a respeito da epidemia.
Estado e municípios:
O governo do Estado de São Paulo investe milhões em publicidade, porém, nem sempre para casos de epidemia ou para impedir a proliferação de doenças, por exemplo, como essa da dengue. Na região do Alto Tietê com três milhões de habitantes, pouco ou quase nada se viu de investimentos publicitários por parte do governo do Estado para prevenir e alertar a população sobre os cuidados que devem ser tomados. Alguns municípios fizeram o serviço de casa, já outros sequer investiram nesta área. Os postos de saúde em todos os municípios, sem ressalvas, estão superlotados por causa de sintomas, aparentemente do mosquito da dengue ou de seus comparsas, o zika, chikungunya, oropouche e a febre amarela. Nos aparelhos de saúde, pacientes agonizam e esperam por mais atitudes dos governos para impedir esse aumento desenfreado.
Reportagem:
Nelson Camargo e Venina Camilo do Impresso Brasil. Elaine Patricia Cruz da Agência Brasil.
Doença avança, mas governo diz que investiu R$ 228 milhões do IGM na prevenção
Em 2024, o Estado registrou 2.178.673 casos da doença, com 142 óbitos em investigação e 2.154 mortes confirmadas. Neste ano, os números também assustam e os casos prováveis somam 98.423, com 141 óbitos em investigação e 28 pessoas que perderam a vida.
Em resposta aos questionamento do Jornal Impresso Brasil (JIB), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) diz que monitora, de forma contínua, o cenário da dengue e outras arboviroses no estado, considerando indicadores importantes para a avaliação do comportamento da epidemia.
Os resultados e os municípios em emergência são constantemente atualizados e disponibilizados por meio de boletins e painéis informativos no portal dengue.saude.sp.gov.br. No dia 15 de janeiro, a Pasta lançou o Plano de Contingência das Arboviroses Urbanas 2025/2026, com as principais estratégias, ações e recomendações de combate à dengue, chikungunya e zika. Além disso, o Estado de São Paulo realiza rotineiramente capacitações e apoio aos municípios no controle do vetor Aedes aegypti, na vigilância e manejo clínico do paciente.
Na última semana, o Governo do Estado de São Paulo repassou R$ 228 milhões do Incentivo à Gestão Municipal (IGM) SUS Paulista para apoiar os 645 municípios paulistas para enfrentar as doenças, sendo metade equivalente à cota fixa do incentivo de gestão municipal e a outra metade proveniente dos recursos de enfrentamento à dengue.
Para os municípios que compõem o Departamento Regional de Saúde (DRS) da Grande São Paulo foram repassados R$ 72,5 milhões para o combate às arboviroses.
Reportagem: NC e VC.