As denúncias apresentadas na última terça-feira (17), na Câmara Municipal de Mogi das Cruzes pela equipe de transição da prefeita eleita Maria Luisa Piccolomini Bertaiolli (PL), a Mara Bertaiolli, contra o atual prefeito de Mogi das Cruzes, Caio César Machado da Cunha (Podemos), o Caio Cunha, são consideradas gravíssimas que deverão ser encaminhadas à polícia, neste caso à Seccional, considerando alguns elementos com forte indícios de irregularidades e de crime de peculato, além de levar ao conhecimento do Ministério Público (MP), que poderá nos próximos dias ser acionado mediante as apresentações de supostos elementos ímprobos.
Entenda o caso:
O período de transição de governo pode ocorrer logo no segundo dia, com base em uma lei federal que serve somente para o presidente da república, porém utilizada pela Associação Brasileira de Municípios (ABM) para orientar o processo de transição aos futuros mandatários. Neste caso, quando se trata de derrotas ou de mudanças de governo, alguns chefes do Executivo procuram dificultar o acesso à informação e tentam protelar de todas as formas as ações dos membros da comissão de transição.
Essa é uma sensação bastante discutida nos últimos meses entre a equipe da Mara (prefeita eleita) e do atual prefeito Caio. Mediante aos fatos e com desconfiança dos dados não serem os exatos, a prefeita eleita e sua equipe de transição fizeram audiência pública sobre aquilo que apuraram até o dia 30 de novembro.
Pelas apresentações feitas pelos futuros secretários, tudo leva a crer que o município ficou sucateado ao extremo, onde nada funciona, além de contratos suspeitos, aparelhos públicos deteriorados e a cidade ao deus-dará.
Na explanação feita pelos futuros secretários, diretores e coordenadores, os prédios e espaços públicos estão degradados, o caixa negativo em pelo menos R$ 207 milhões e dívida consolidada em R$ 473 milhões, pelo menos apurados até o momento, porém, existem boatos de que esses números estão aquém de um rombo ainda maior.
Na audiência pública desta semana, participaram vereadores, lideranças, representantes de entidades, associações e munícipes que puderam conhecer, em quatro horas de apresentação, a real situação física e financeira de cada uma das secretarias municipais.
Ababelar:
Uma verdadeira torre de babel. É desta forma que encontrou o sistema público, num verdadeiro reboliço que envolve contratos, convênios e contas públicas.
Em todos os equipamentos públicos e seus respectivos segmentos foram constatados problemas estruturais de infiltração, unidades sem Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), viaturas e equipamentos em péssimo estado de conservação.
Espaços de esporte, lazer e cultura também apresentam sérios problemas estruturais. A situação apurada pela equipe técnica foi documentada com imagens e vídeos.
Decepção:
De acordo com falas de políticos e membros da sociedade civil, o prefeito Caio Cunha se torna uma enorme decepção na história da cidade. “Nenhum prefeito foi tão ruim como ele nesses 460 anos de fundação, pelo menos até onde se sabe”, lamentou um vereador que apoiou Caio no início do mandato.
Tanto o prefeito, como alguns secretários, diretores e coordenadores devem ser denunciados assim que as provas se tornarem concretas. No caso de comprovação, alguns crimes poderão gerar a prisão dos envolvidos de 2 a 12 anos, além da devolução, multa e inelegibilidade.
O outro lado:
Para que a sociedade entendesse o que estaria acontecendo na prefeitura mogiana, o prefeito Caio Cunha concedeu, na tarde do dia 18 de dezembro, entrevista coletiva de imprensa, rechaçando todas as declarações de Mara Bertaiolli.
De acordo com o secretário Willian Harada, o gestor público já havia herdado, do governo passado, as dívidas em questão e que a forma da equipe da prefeita eleita entender os fatos é capciosa. “O prefeito não contraiu essa dívida”, afirmou ele de maneira incisiva, alertando que ela pode fechar acima de R$ 470 milhões.