Santa Catarina enfrenta uma realidade alarmante nas rodovias federais, especialmente na BR-101 Norte. Estudo da CNT (Confederação Nacional do Transporte), baseado em dados da Polícia Rodoviária Federal, revelou que dois trechos na Grande Florianópolis e um entre Balneário Camboriú e Itajaí figuram entre os dez mais perigosos do Brasil. O cenário é preocupante e exige reflexão.
O segmento entre os quilômetros 200 e 210 da BR-101 foi o mais perigoso do país no último ano, com 564 acidentes. Outros dois trechos catarinenses — entre os km 210 e 220 e os km 130 e 140 — também estão no topo do ranking, acumulando juntos quase 1.300 acidentes.
Esses números não são meras estatísticas, representam vidas perdidas, famílias desfeitas e custos econômicos e sociais que impactam o estado como um todo.
Parte desse problema pode estar associado ao uso urbano da rodovia, que deveria ser um corredor expresso, mas acaba absorvendo o trânsito local. Essa sobrecarga resulta em congestionamentos, redução da eficiência viária e aumento de acidentes. Santa Catarina, que possui pouco mais de 2.300 km de rodovias federais, registrou 8.319 acidentes no último ano, um índice alarmante quando comparado à extensão de sua malha viária.
Vale ressaltar que o Estado conta com indicadores de desenvolvimento humano bastante positivos, assim, o contraste entre progresso econômico e rodovias colapsadas aponta para a urgência de intervenções robustas.
A construção de terceiras faixas e vias marginais, defendida pela Fiesc, é um passo essencial, mas não suficiente. É necessário um planejamento de longo prazo que priorize a segurança e a eficiência da mobilidade.
Um dos modelos apresentados pelo governo é a construção da Rodovia Via Mar, que será realizada por meio de parceria público-privada. Com extensão de mais de 145 km de estrada, o Contorno Litorâneo Norte, ou Rodovia Via Mar, é a obra que deve ligar Joinville ao Contorno Viário da Grande Florianópolis, desafogando o trânsito pesado na região. No projeto, é previsto que a rodovia tenha seis faixas em sentido duplo em todos os trechos.
Além das intervenções estruturais, o governo e a sociedade precisam adotar uma postura mais rigorosa em relação à educação no trânsito, fiscalização e inovação em soluções de mobilidade. Santa Catarina não pode se acomodar diante de números tão expressivos.