A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Íris realizou a oitiva de um representante de mais uma empresa contratada pela TFH (Tools for Humanity) – responsável pelo escaneamento da íris de cidadãos paulistanos – para realizar operações em São Paulo durante o encontro desta terça-feira (4/11). Os integrantes do colegiado buscaram entender como funciona o contrato firmado entre as empresas e a atuação da operação.
Jovaneis Oscalices Neto, representante da Ney Neto Produções Web3 e Eventos LTDA, compareceu à CPI acompanhado de um advogado e respondeu diversos questionamentos dos parlamentares. Ele confirmou que foi chamado para montar unidades na capital paulista e teria recebido 268 mil World Coins, criptomoeda vinculada ao Projeto World ID utilizada para pagamentos.
“A primeira loja que administrei foi inaugurada em novembro do ano passado, no Sacomã. Ela atuou até maio deste ano. Depois, abri uma perto da estação do Jabaquara em fevereiro deste ano, mas quase não funcionou porque logo no início das atividades começaram a surgir implicações da ANPD (Agência Nacional de Proteção de Dados). O mesmo se passou com a loja do Tatuapé que ficou aberta uns 3 meses e quase sem procura.”
O representante da Ney Neto Produções também explicou como eram feitos os pagamentos de representantes. “São dois tipos de recebimento. Um se tratava das despesas com equipe, aluguel do imóvel e reforma do espaço, os números eram calculados e pagos; depois os operadores recebiam uma quantia por pessoa verificada em cada uma das lojas. A soma delas é o que compunha o total a receber.”
A chegada de big techs – grandes empresas de tecnologia – é vista com positividade por Jovaneis Oscalices Neto. Ele declarou aos vereadores que o trabalho feito nas agências da TFH é uma forma de inclusão produtiva dado o treinamento que eles receberam para operar o mecanismo visto a ausência de profissionais prontos para lidar com as novas tecnologias.
“É uma nova profissão que surge a partir de novos problemas que a sociedade começa a enfrentar com as deep fakes e a internet que a gente vive hoje, na minha opinião insustentável e falida. No momento em que novas tecnologias são lançadas para combater problemas, passo a enxergar como oportunidade tanto de educação, quanto de inclusão produtiva e criação de políticas públicas para regular o trabalho. A regulação deveria andar ao passo que a tecnologia avança.”
Vereadores
Após o depoimento, a presidente da CPI da Íris, a vereadora Janina Paschoal (PP) conversou com a reportagem da Rede Câmara SP. Ela comentou que as declarações de Jovaneis Oscalices Neto corroboraram com o entendimento de que as empresas contratadas pela TFH eram pagas conforme o número de pessoas que tinham a íris escaneada.
“A testemunha de hoje confirmou o fato da empresa pagar para contratados com fulcro no número de pessoas que tiveram a íris escaneada. O que significa que essa amostragem, banco de dados, universo de pessoas escaneadas faz diferença para a Tools for Humanity. O produto fica mais valioso conforme a quantidade de pessoas que participaram do modelo e isso não foi aberto em momento algum para o público.”
Participaram da reunião os parlamentares: Janaina Paschoal (PP) – presidente, Gilberto Nascimento (PL) – vice-presidente, Ely Teruel (MDB) – relatora, João Ananias (PT) e Silvão Leite (UNIÃO). Confira o encontro neste link.
Atuação da CPI da Íris
A CPI da Íris tem como objetivo apurar a atuação da empresa Tools for Humanity que, por meio do projeto World ID, ofereceu recompensas financeiras para realizar o escaneamento da íris de cidadãos paulistanos.
É importante ressaltar que a CPI da Íris possui um canal específico para coletar contribuições e manifestações dos munícipes sobre o objeto de investigação do colegiado. O espaço para contribuições está disponível na página da CPI dentro do Portal da Câmara.