Acessibilidade
Avaliada atualmente em mais de US$ 25 bilhões, a GitHub foi comprada pela Microsoft em 2018 por US$ 7,5 bilhões. Desde então, a empresa passou de uma plataforma de hospedagem de código para um dos pilares do ecossistema de desenvolvimento da gigante de tecnologia. Agora, sob a liderança de Kyle Daigle, COO da GitHub, ela vive um novo momento de transformação: quer ser vista como o centro do desenvolvimento impulsionado por inteligência artificial com foco tanto em acessibilidade quanto corporativo.
“Servimos 180 milhões de pessoas”, afirmou Daigle para a Forbes Brasil durante o Universe, evento da empresa em San Francico. “Mais desenvolvedores sempre é algo bom.” Essa ampliação do público, que agora inclui desde engenheiros de software até profissionais de outras áreas é resultado direto da integração da IA nas ferramentas da empresa. “Tenho um amigo que era médico e usou o GitHub Copilot para se tornar desenvolvedor agora”, contou o executivo, ilustrando o novo perfil de usuários que a companhia pretende alcançar.
Entre as principais novidades, Daigle destaca o “modo de plano”, que reduz a dependência da chamada engenharia de prompt. “Há dois anos, precisávamos falar sobre truques e dicas de prompter. Agora, simplesmente oferecemos isso dentro do produto”, disse. Outra frente é o controle de agentes de IA para empresas, que permite definir políticas de uso, proteger propriedade intelectual e escolher quais modelos utilizar. “Cada cliente quer trazer uma versão dessas ferramentas para o seu negócio, proteger sua IP, e controlar os modelos que usa”, explicou.
Essas iniciativas se conectam ao novo Agent HQ, plataforma anunciada pela GitHub que centraliza o uso de múltiplos agentes de IA, da OpenAI, Anthropic, Google e outros, em um só painel. “Na prática, isso transforma a GitHub em uma plataforma de governança e automação de IA para desenvolvimento, e não apenas em um repositório de código”.
A integração com a Microsoft, segundo Daigle, é estratégica: “Estamos trabalhando juntos para construir produtos melhores para desenvolvedores.” Essa sinergia reforça o ecossistema entre GitHub, Visual Studio Code e Azure, mas também levanta debates sobre a autonomia da marca.
Do ponto de vista de negócios, a aposta da GitHub combina dois movimentos: democratizar o desenvolvimento via IA e fortalecer sua presença corporativa com governança e segurança. Essa estratégia amplia o mercado endereçável e aproxima a empresa dos orçamentos de tecnologia e inovação das grandes corporações. Para mercados emergentes como o Brasil, onde há grande demanda por capacitação e automação, a GitHub vê um terreno fértil.
Com o avanço da IA e a integração crescente com a Microsoft, a GitHub busca se posicionar como a nova camada de infraestrutura da criação de software onde escrever código deixa de ser o centro, e resolver problemas com inteligência artificial passa a ser o foco.